terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Cidades



Nosso mundo está doente, garoto. Um vírus apareceu a muito tempo atrás e estamos tão acostumados a seus efeitos que esquecemos como era viver antes de estarmos doentes.

Estou falando das cidades, percebe?

As culturas humanas são originalmente homeoestáticas: elas existiam em um equilíbio auto-sustentável, sem a noção de tempo e progresso, como nós temos.

Então o vírus-cidade apareceu. Ninguém sabe ao certo de onde veio ou quem o trouxe, mas como todos os organismos virais, sua diretriz primária é usar todos os recursos disponíveis para produzir cópias de si mesmo.

Mais e mais cópias até que não existe matéria-prima, deixando para trás um hospedeiro sobrecarregado que pode, apenas, morrer.

As cidades desejam que sejamos bons construtores. Eventualmente, construímos foguetes para que o vírus atinja outros mundos.

As cidades possuem seu modo particular de falar com você; tome o vislumbre do reflexo de um signo em neon e ele pronunciará uma palavra mágica para conjurar sonhos estranhos.

Você nunca viu a palavra "IXAT" brilhando na noite? Esse é apenas um de seus nomes sagrados.

[extraído de The Invisibles - no.3, nov. 94, p. 10 - tradução de Muhammad F.]

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