terça-feira, 3 de junho de 2014

Carta para a Compaixão (Karen Armstrong)


O princípio da compaixão repousa no coração de todas as tradições religiosas, éticas e espirituais, conclamando-nos a sempre tratar os outros do mesmo modo que gostaríamos de sermos tratados. A compaixão nos impele a trabalhar incansavelmente para aliviar o sofrimento de nossos companheiros, a destronarmos a nós mesmos do centro de nosso mundo e colocar o outro neste lugar e a honrarmos a inviolável santidade de todo ser humano, tratando a todos, sem exceção, com absoluta justiça, equidade e respeito.

Também se faz necessário, tanto na vida privada quanto na vida pública, evitar consistente e empaticamente infligir a dor. Agir ou falar violentamente por despeito, chauvinismo ou egoísmo para empobrecer, explorar ou negar direitos básicos para qualquer um, ou incitar o ódio denegrindo os outros - mesmo nossos inimigos -, são modos de negar nossa humanidade em comum. Nós reconhecemos que falhamos em viver de modo compassivo e que inclusive algumas pessoas aumentaram a miséria humana em nome da religião.

Nós, portanto, clamamos a todos os homens e mulheres para restaurarem a compaixão como centro da moralidade e da religião - retornando ao princípio de que qualquer interpretação da escritura que leve à violência, ódio ou desprezo, é ilegítima - garantindo que aos jovens sejam dadas informações precisas e respeitosas sobre outras tradições, religiões e culturas - encorajando uma apreciação positiva da diversidade cultural e religiosa - cultivando uma empatia esclarecida com o sofrimento de todos os seres humanos (mesmo que sejam considerados inimigos).

Precisamos urgentemente fazer da compaixão uma clara, luminosa e dinâmica força em nosso mundo polarizado. Enraizada em uma determinação de princípios que transcende o egoísmo, a compaixão pode demolir as fronteiras políticas, dogmáticas, ideológicas e religiosas. Nascida de nossa profunda interdependência, a compaixão é essencial para as relações humanas e para uma humanidade plena. É o caminho para a iluminação, indispensável para a criação de uma economia justa e uma comunidade global pacífica.

(extraído de http://charterforcompassion.org/the-charter - tradução de Muhammad F.)

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